quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Automedicação: vale a pena?

Mais um texto meu publicado no Indike, mostrando os riscos da automedicação.

Quem nunca tomou um comprimido indicado por um amigo para dor de qualquer coisa? Quem nunca viu um parente comprar um remédio na farmácia simplesmente porque aquele remédio curou o vizinho da gripe, ou ajudou a vizinha a emagrecer?

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Essas situações são mais frequentes do que imaginamos. E em muitas ocasiões passamos por elas e não nos damos conta pois já são consideradas normais em nossa rotina.

É chegada a hora de prestarmos mais atenção na automedicação. Ela não é inofensiva. Pelo contrário,pode trazer mais prejuízos do que simplesmente “se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”.
A indicação pode ser outra, a dose pode ser diferente, as pessoas são diferentes

Automedicação é quando alguém toma um remédio sem a prescrição de um profissional habilitado. Isso inclui os medicamentos indicados por familiares ou amigos. No Brasil, profissionais habilitados a prescrever medicamentos são somente médicos e dentistas, cada um em seu campo, obviamente. Por exemplo, sua mãe lhe indica um xarope para tosse, porque aquele xarope foi bom para ela a vida toda; sua mãe é uma pessoa experiente e esclarecida, no entanto, não é médica. Dessa forma, se você aceitar o conselho e tomar o xarope, está se automedicando, pois nem você, nem mesmo sua mãe sabem o motivo da sua tosse, se ela precisa realmente ser medicada e com o quê.

Quero deixar claro que mesmo pessoas vividas, inteligentes e experientes podem errar nesse sentido. Fazer um diagnóstico e indicar um remédio exige uma série de conhecimentos em cadeia. Nem sempre o mesmo sintoma é de uma mesma doença. Nem sempre aquele remédio que fez bem para aquele sintoma daquela vez fará bem agora. Assim como nem sempre o remédio que aliviou o outro será o mesmo que vai aliviar você. A indicação pode ser outra, a dose pode ser diferente, as pessoas são diferentes. Tudo isso deve ser entendido.

Vamos ao que interessa. Avaliei alguns estudos sobre o tema e selecionei, de forma geral, dois dos principais motivos de saúde que levam as pessoas a se automedicarem. Talvez você se identifique com alguns deles.

1. Sintomas nas vias aéreas: é quando muita gente fala “estou gripado”. Pode ser uma dor de garganta, tosse, uma crise de rinite ou um simples resfriado. Esses quadros podem ter muitas origens, mas normalmente são atribuídos à uma infecção viral ou uma crise alérgica. Na maior parte das vezes eles nem precisam ser medicados, pois se resolvem sozinhos em cerca de uma semana.

Muita gente quer logo um antibiótico para acabar logo com essa chatice. Calma!

  • Primeiro, antibiótico é coisa séria e só serve pra matar bactéria e fungo, ou seja, não mata vírus.
  • Segundo, existem uma série de classes de antibióticos e cada uma só mata uma classe específica de microorganismos – isso quando na dose correta!
  • Terceiro, se você tomar antibiótico de forma errada, além de poder sofrer de efeitos colaterais que não são legais, pode tormar os microorganismos ainda mais fortes e difíceis de serem tratados depois. Ou seja: nunca tome um antibiótico por conta própria!


2. Dores em geral, podendo ser dor de cabeça, dor nas costas, dor no corpo: preciso avisar a quem está habituado a sempre tomar um analgésico para dor de cabeça que existe uma dor de cabeça que se torna dependente do remédio. Ou seja, quanto mais você tomar, mais frequente ela vai ficar. Tome cuidado.

As dores no corpo já costumam ser medicadas com anti-inflamatórios. Esses são remédios também perigosos de serem tomados com constância e sem critérios, pois podem trazer uma série de efeitos colaterais horríveis (como úlcera no estômago ou problemas graves nos rins).

Os estudos mostram que muitos desses sintomas se resolveriam sozinhos e não precisariam de um remédio. Ou seja, as pessoas tomaram algo com risco e sem necessidade.

Fica claro que mesmo usar os remédios que sempre usamos para aliviar sintomas corriqueiros pode ser um desastre para nossa saúde.

Além disso tudo, um medicamento na dose errada pode intoxicar e matar. Um remédio mal usado pode mascarar alguns outros sintomas e retardar o diagnóstico de uma doença grave. Um remédio pode, em combinação com outro, ter efeito indesejável e inesperado (como diminuir a eficácia de um contraceptivo, por exemplo).

Lembro ainda que medicamentos fitoterápicos e naturais também são remédios, merecem respeito e não são isentos de efeitos colaterais. Eles também precisam ser indicados por alguém competente.
Em resumo: não se automedique para o seu próprio bem!

Ainda tem dúvidas??? Deixe um comentário abaixo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Como funciona nosso corpo: o sistema nervoso

Tenho tratado nosso corpo, aqui nesse blog, como se ele funcionasse como uma cidade muito bem organizada: tem seus trabalhadores, seu sistema de abastecimento de nutrientes, de coleta de lixo, de transporte etc.

Ainda faltam alguns sistemas importantes a serem esclarecidos, mas agora é a hora de falar de quem comanda tudo isso. O governo do nosso corpo!

Essa função de comando é do sistema nervoso - auxiliado também pelo sistema endócrino, sobre o qual falaremos depois.



O sistema nervoso é responsável, por exemplo, por fazer sua perna andar, você mastigar, seu músculo diafragma se movimentar para que você possa respirar, faz com que você veja e fale. Entre muitas outras atividades. Ele é composto basicamente pelo cérebro e pelos nervos e as células formadoras desse sistema são os neurônios.

Esquema de neurônios transmitindo impulsos nervosos
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Os neurônios são células com um formato diferenciado das demais, como de elas tivessem uma cabeça e uma cauda. A cauda de um se liga com a cabeça do outro e, através de liberação de substâncias químicas, elas se "conversam", enviando assim um comando umas às outras. Essa comunicação é chamada de sinapse nervosa.

Assim uma ordem direta do cérebro caminha em direção ao local de destino, que pode ser um órgão qualquer. Da mesma forma, estímulos que recebemos de fora - como um estímulo de dor, por exemplo - caminha em direção ao cérebro para posicioná-lo sobre o que nosso corpo anda sofrendo por aí.

Para ficar mais fácil de ser compreendido, esse governo pode ser dividido em 2, digamos assim.

O sistema nervoso central, que é composto pelo cérebro (também chamado de encéfalo), pela medula espinal. É o centro de comando. De lá saem todas as ordens importantes e lá devem chegar todos os estímulos para serem processados.


Sistema nervoso central
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Esquema que ilustra como o crânio e as meninges protegem o cérebro
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Ele é tão importante que é protegido por uma brilhante e eficiente carapaça óssea: o crânio protege muito bem o cérebro e a coluna vertebral protege a medula espinal.

Mas antes da proteção dura desses ossos, essas estruturas são envoltas por 3 membranas (como se estivesse embrulhado) lisas e úmidas que deslizam umas sobre as outras. São as meninges, que também têm a função de proteção e amortecimento. Entre as 2 membranas que ficam mais próximas ao cérebro está o líquido cefalorraquidiano, o famoso líquor.


O líquor, além de ser uma espécie de amortecedor líquido, ele também atua levando nutrientes e removendo resíduos do sistema nervoso central.



Imagine que do cérebro saia uma cauda, a medula espinal, que é responsável por conectar o centro de comando aos demais nervos do corpo, que atingem as partes mais longínquas do organismo. É como se fosse um conjunto de fios passando por dentro de um túnel. Por ser esse elo de conexão é que a medula é tão importante.

Esse esquema mostra como a medula se aloja dentro dos ossos da coluna vertebral e como dela saem os nervos que  caminham até nossas extremidades.
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A medula espinal se inicia na parte alta do pescoço, lá atrás, na nuca, saindo do cérebro, percorre nossas costas e termina pouco acima do bumbum. Quando passamos a mão pelas costas de alguém e sentimos os ossinhos das vértebras (ou da coluna vertebral), lá dentro está a importante medula.

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Sabendo disso, agora você entende porque em um acidente em que há a possibilidade de a vítima ter quebrado algum ossinho pequeno da coluna vertebral, seja ele do pescoço ou de qualquer parte das costas, não devemos movimentá-la. Imagine que um ossinho de uma vértebra do pescoço quebrou, mas ainda está posicionado em seu lugar, mantendo a medula lá dentro, bonitinha. Se você mexer e o fragmento quebrado desse ossinho se movimentar, poderá romper alguns fios - senão todos - da medula. Isso irá interromper imediatamente a comunicação do cérebro com determinada parte do corpo e essa vítima perderá algumas funções, podendo ficar paraplégica ou mesmo tetraplégica, dependendo de onde foi essa ruptura.


O sistema nervoso periférico, como o nome diz, é a continuação dos nervos a partir da medula e até a periferia do corpo, chegando até o dedão do pé.

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Os nervos são chamados de motores quando transportam os comandos do cérebro para as extremidades (músculos, pele e glândulas, por exemplo).

Os nervos são chamados de sensitivos quando transportam os impulsos no sentido contrário, como o estímulo de dor ou de calor, por exemplo.

Como funcionam os nervos motores e os sensitivos
Fonte da imagem: Livro Ciências Nosso Corpo, de Fernando Gewandsnadjder, Ed. Ática


Além dessa divisão, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em voluntário ou autônomo.


  • O sistema nervoso voluntário, vai comandar as nossas ações voluntárias, ou seja, o que a gente decide se vai ou não fazer, por exemplo: andar, mastigar, mexer os dedos, virar a cabeça... Tudo o que você conseguir comandar em seu próprio corpo, comanda através do sistema nervoso voluntário.
  • O sistema nervoso autônomo tem sua própria autonomia, o que significa que ele não depende da nossa vontade. Esse sistema emite os impulsos que comandam os órgãos internos, por exemplo, ele manda seu coração bater, os movimentos peristálticos do seu sistema digestório, sua pressão arterial, sua temperatura, etc. Ele ainda é dividido em simpático e parassimpático, que têm ações opostas (exemplo: o simpático aumenta os batimentos do coração enquanto o parassimpático os diminui).


Fonte: link

Para ilustrar melhor toda essa complicação, segue uma sugestão de vídeo:

O sistema nervoso - parte 1
O sistema nervoso - parte 2
O sistema nervoso - parte 3




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