terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hanseníase ainda existe, mas tem tratamento e cura.

Muito já ouvimos falar sobre a lepra. Especialmente sobre o estigma dos leprosos em nossa história antiga, em como essas pessoas eram terrivelmente afastadas da sociedade por ignorância da época. Mas sei que muita gente imagina que já nos livramos dessa doença, que não devemos mais nos preocupar com ela. Engano. Saibam que hoje em dia o Brasil é campeão mundial em prevalência dessa doença e, por isso, precisamos nos informar um pouco sobre ela.

Hoje ela se chama hanseníase. Lepra, que significa manchas na pele, era um nome dado antigamente à algumas doenças de pele e, por conta dos avanços da ciência e descoberta das diferentes causas, o nome caiu em desuso.

A hanseníase é uma doença causada por uma bactéria que gosta das áreas mais frias do corpo. Por isso, ela atinge principalmente a pele e nervos de regiões mais periféricas do corpo como mãos, pés, olhos, orelhas, nariz, braços e pernas. Mas pode eventualmente afetar outros órgãos.

É uma doença contagiosa, ou seja, passa de pessoa para pessoa. A transmissão acontece de uma pessoa contaminada para outra através do ar, de gotículas de saliva, parecido com a gripe. Mas essa bactéria não é tão poderosa e o contágio não é tão fácil. Para uma pessoa ser contaminada é preciso haver um contato mais íntimo (tipo morar na mesma casa) e prolongado, piorando se houver pouca ventilação. Ainda assim, nem todas as pessoas que se contaminam desenvolvem a doença, pois, uma vez que a bactéria entra no corpo, ela trava uma batalha com o sistema imunológico. Se nossas defesas ganham, não ficamos doentes. Se a bactéria ganha, adoecemos.

Esse período entre o contágio e os sintomas pode durar de meses até cinco anos. É uma longa batalha. As pessoas mais suscetíveis à desenvolver a doença são, obviamente, as pessoas com menor resistência imunológica. Por conta disso a hanseníase é mais comum em pessoas de classe social mais baixa, por conta de más condições nutricionais e sociais. Mas é importante deixar claro que essa doença pode acometer qualquer pessoa independente de classe social, desde que a pessoa seja suscetível à bactéria.

E como suspeitar da hanseníase? Normalmente os primeiros sintomas são manchas de cor parda, esbranquiçadas ou avermelhadas, às vezes pouco visíveis. Podem parecer micose de praia, mas, como a hanseníase compromete os nervos, no local dessas manchas pode haver a sensação de formigamento, podem ficar dormentes, sem sensibilidade à dor, ao calor, ao frio e ao toque. Não há coceira, mas alteração da sensibilidade. Por isso muitos pensam que a antiga lepra faz com que as extremidades se deformem ou “caiam”. O que acontece na verdade é: como as lesões diminuem a sensibilidade, a pessoa pode se machucar sem perceber e, por isso, sofrer ferimentos graves.

Também no local das manchas pode-se perder os pelos e diminuir a transpiração, tudo por causa da alteração nervosa. Em formas mais graves da doença pode haver deformidade dos membros por retração muscular ou formação de nódulos sob a pele.

A boa notícia é que a hanseníase tem tratamento e cura. Se suspeitar de alguma lesão de pele com alteração ao toque, procure um médico. Pode ser um clínico ou dermatologista. O diagnóstico não é difícil e o tratamento é feito com antibióticos e pode durar de seis meses à um ano. O SUS oferece diagnóstico e tratamento gratuito para todos.

Logo após o início do tratamento a pessoa já deixa de transmitir a doença. Ela não precisa ser internada pois o tratamento é ambulatorial. Ela pode manter vida normal, não precisa afastar-se do trabalho nem do convívio familiar. Pode continuar mantendo relações sexuais com seu parceiro. A gravidez e o aleitamento não impedem o tratamento, que é seguro para mãe e bebê.

Toda pessoa que tem contato próximo com doente de hanseníase deve também ser examinada por um médico e pode ser orientada a receber a vacina BCG para aumentar a sua proteção contra a doença.

Esse foi mais um texto da minha coluna do Indike.
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