quarta-feira, 17 de abril de 2013

Como o câncer funciona


Dia 08 de abril foi o dia mundial de combate ao câncer. Ao meu ver, a melhor forma de combatê-lo é com informação. Apesar de o câncer ser uma doença temida por todos, poucos sabem o que realmente ela significa, como ela prejudica o doente, quais são seus variados tipos e o que podemos fazer para preveni-los.

Câncer não é contagioso. A palavra câncer representa um grupo de mais de 100 doenças que podem acometer diferentes partes do nosso corpo. O que elas têm em comum para ganharem o nome de câncer é o crescimento desordenado de células malignas. Explico melhor: todos nós somos formados por um conjunto de células que se reúnem em grupos especializados nas mais diferentes funções, como por exemplo: formar a pele, o aparelho respiratório, o cérebro, o sangue etc. Essas células têm um ciclo de vida, ou seja, nascem e morrem e estão em constante renovação. Num organismo saudável há um equilíbrio entre a morte de células velhas e a formação de novas para a manutenção dos tecidos. No entanto, quando algo dá errado nesse balanço em um determinado local do corpo, ocorre o aumento do número de células neste tecido, formando um tumor.

Esquema ilustrando a divisão das celulas gerando uma celula defeituosa, cancerosa. Esta, por sua vez, gera outras celulas defeituosas e forma o tumor cancerígeno


Quando essas células mantêm a mesma especialização das células do tecido e multiplicam-se de forma lenta e regular formam os tumores benignos e não são necessariamente letais. Mas quando essas células apresentam defeitos no material genético e não conseguem especializar-se, tornam-se células estranhas ao organismo e apresentam comportamento totalmente desordenado. Elas se multiplicam mais rapidamente e de forma desordenada, comprimindo e, consequentemente prejudicando os tecidos à sua volta. São os tumores malignos ou cânceres. Notem que tumor não é sinônimo de câncer, pois há tumores benignos e não cancerosos.

Se as células malignas se originam nos pulmões, temos o câncer de pulmão. Se originam na pele, temos o câncer de pele. E assim vai. Alguns tipos de câncer podem ser mais agressivos que outros, seja pelo fato de o tumor crescer mais rapidamente, seja por crescer mais próximo de um órgão ou área vital, ou ainda pela capacidade de desprender algumas das células malignas na corrente sanguínea fazendo com que ela atinja qualquer outro lugar do corpo, criando novos tumores malignos em outros lugares, chamados de metástases. Há ainda alguns tipos de cânceres que não geram tumores, apenas prejudicam a função do tecido (como leucemias).

O câncer é grave e pode matar por comprometer a função de órgãos vitais. Imagine uma massa de células crescendo dentro do pulmão: ela certamente irá comprometer a respiração. Essa massa ainda poderá infiltrar-se nos órgãos próximos comprometendo, por exemplo, o coração e vasos sanguíneos importantes. Se esse tumor enviar metástases para o cérebro, por exemplo, irá comprometer funções neurológicas. Por ter um comportamento de certa forma imprevisível, cada caso de câncer se comportará de um jeito.

Há diversos fatores que contribuem para o surgimento de células anormais. Existem pré-disposições genéticas ligadas à capacidade do organismo de defender-se e regenerar-se, mas também existem inúmeros fatores oriundos do meio ambiente e de nossos hábitos de vida que prejudicam as células podendo propiciar o aparecimento do câncer. São esses fatores que precisamos conhecer para que façamos boa prevenção:

  • Fumar predispõe diversos tipos de câncer, dentre eles o câncer de pulmão. Pare de fumar!
  • Bebidas alcoólicas também predispõem o aparecimento de cânceres de boca, esôfago e fígado. Se beber, limite-se apenas a 1 dose (se mulher) ou 2 doses (se homem) por dia.
  • Alimentos embutidos e processados (como salsichas) são ricos em substâncias que favorecem o aparecimento de câncer de estômago. Além disso, alimentos gordurosos parecem propiciar as células cancerosas. O melhor a fazer é manter uma alimentação saudável e equilibrada, com alimentos frescos e variados.
  • A exposição ao sol propicia o aparecimento de câncer de pele. É importante saber que o efeito do sol é cumulativo, ou seja, não adianta abusar do bronzeamento na juventude e passar a cuidar-se com idade mais avançada. O câncer de pele é resultado do sol que tomamos desde a infância. Evite exposição prolongada ao sol e use sempre proteção como chapéu e protetor solar.
  • Mulheres em idade sexual devem realizar o exame de Papanicolau periodicamente. Ele serve para prevenir o câncer de colo de útero. A infecção pelo vírus HPV, sexualmente transmissível, é um fator de risco para esse câncer. As mulheres acima de 40 anos também devem realizar o exame clínico das mamas anualmente para a detecção precoce do câncer de mama.
  • Homens acima dos 50 anos devem procurar o urologista para avaliação da próstata.
  • Não esquecer de fazer a higiene oral diariamente e consultar também o dentista regularmente.
Este texto foi mais uma das minhas colunas publicadas no Indike.

Se quiser tirar mais duvidas, deixe um comentario abaixo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Esclarecimentos sobre câncer de mama e mamografia


Mamografia é um exame que utiliza raios X para detectar algumas anormalidades das mamas. Dessas anormalidades, a mais importante detectada por este exame é o câncer de mama. A mamografia consegue detectar esse tipo de câncer ainda em estágios muito iniciais, quando o tumor ainda está menor que 2 cm de diâmetro. A detecção precoce proporcionada pela mamografia é fundamental para que a descoberta dessa terrível doença tenha um final feliz. Isso porque 90% (quase todos!) dos tumores descobertos em fase inicial conseguem ser tratados e curados.

Imagem de mamografia evidenciando lesão sugestiva de câncer de mama. Fonte: wikicommons


Apesar disso, em nosso país ainda o câncer de mama é muito frequente e nem sempre tem final feliz. Não porque os exames feitos aqui não são de qualidade, ou porque o tratamento não é de ponta. Nada disso. Tudo indica que esses índices aparecem no Brasil porque muitas mulheres que deveriam fazer esse exame como precaução ou rastreamento acabam não fazendo. Como consequência, muitos dos cânceres de mama diagnosticados no país já encontram-se em estágio avançado, o que dificulta ou até impossibilita a cura. Por isso acho importante esclarecer alguns pontos que podem ser vistos como obstáculos entre essas mulheres e a mamografia.

A mamografia é um exame desconfortável, no entanto, esse desconforto é plenamente suportável e é preciso apenas poucos segundos para que as imagens necessárias sejam feitas.

Um estudo mostrou que algumas mulheres escolhem não fazer o exame por medo de descobrir o câncer. Bem, que elas estejam lendo essa coluna e possam entender que o fato de não saber que o câncer existe não o fará desaparecer. E pior, se ele não for detectado o quanto antes, ele tenderá a aumentar de tamanho e, quando se manifestar, poderá ser tarde para a cura. É preciso ficar claro que nesse caso o exame não é um exagero e, se feito com regularidade, mesmo que um câncer apareça, ele terá chances altíssimas de ser curado com o tratamento. Essa mulher poderá ter vida normal.

O exame de ultrassonografia das mamas não substitui a mamografia. Em alguns casos ele pode ser solicitado pelo médico como exame complementar, para auxiliar o diagnóstico.

No caso de mulheres que têm próteses de silicone nas mamas, não há o que temer. O exame não danifica a prótese. Além disso, é falso o mito que diz que as próteses aumentam o risco para câncer de mama. O que pode acontecer é elas dificultarem a visualização de algumas áreas da mama pelo exame mamográfico. Nesses casos, pode ser que sejam necessárias imagens extras. Alguns médicos podem até solicitar outros exames complementares, como a ressonância magnética, mas isso é avaliado caso a caso e não é uma regra.

E quem deve fazer o exame e quando?

Bem, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia seja realizada anualmente para as mulheres entre 40 e 69 anos. Não há ainda, entre os médicos, consenso sobre a obrigatoriedade anual desse exame para as mulheres entre 40 e 49 anos. Alguns defendem que nessa faixa etária a solicitação deverá ser a critério médico.

O fato é: a partir dos 40 anos a mulher deve estar atenta para a possibilidade de aparecimento dessa doença e deve frequentar o consultório do ginecologista ou mastologista anualmente e seguir suas recomendações após o exame clínico das mamas.

As mulheres que têm história na família de câncer de mama devem preocupar-se mais precocemente, avisando seu ginecologista ou mastologista sobre sua história familiar para que eles possam solicitar os exames de prevenção e rastreamento precoce.

No dia do exame mamográfico a mulher não deve usar desodorante, talco ou qualquer cosmético na região das mamas e axilas. Alguns cosméticos contém componentes metálicos que podem aparecer no exame como microcalcificações, o que pode deixar o exame confuso.

É sempre bom guardar todos os exames dos últimos anos para que o médico possa comparar os resultados, mesmo que todos estejam normais.

Homens, apesar de bem menos frequente, também podem ter câncer de mama. Mas no caso deles a mamografia é solicitada somente na suspeita médica e não de rotina. Para os homens, uma dica importante é o exame anual para detectar câncer de próstata.

Este texto foi mais uma das minhas publicações no Dicas do Indike.
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