quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Como funciona nosso corpo: a pele


A pele é nosso cartão de visitas. É a parte do corpo que primeiro vemos e sentimos ao conhecer alguém.
Pensando em nosso corpo como uma grande cidade, a pele seria uma fortaleza, aquela grande muralha protetora. Nos protege contra invasores externos, sejam eles microorganismos (germes), calor, frio, acidentes, produtos químicos etc.
Como ela faz parte do organismo que ela protege (ou seja, nós), ela também é feita de células. No entanto, para que possa executar tão bem a função de fortaleza, as suas células devem ser especializadas em funções protetoras e bem organizadas.
Basicamente a nossa pele é constituída de 2 setores, cada um com um tipo de função e, portanto, com células de especialidades diferentes.


Esquema da estrutura microscópica da pele, mostrando suas camadas


A linha de frente, a epiderme:
A epiderme é a parte mais externa da pele, aquela que vemos e tocamos. A espessura dessa camada varia de acordo com a região do corpo: por ela ter a função de proteger-nos de agentes externos, em áreas que temos mais atrito, como mãos e pés, ela é mais grossa.

A parte mais superficial da epiderme, a que está em contato com o meio ambiente, é composta por células achatadas, que produzem uma substância resistente e impermeável chamada queratina. Essas células, os queratinócitos, ficam muito perto umas das outras, como se estivessem de mãos dadas, bem apertadas, o que, juntamente com a ajuda da queratina, impede a perda de água ou a entrada de microorganismos e outros agentes.
Normalmente, a parte que tocamos da nossa pele contém uma última camada de queratinócitos mortos que se desgrudam ao passarmos a mão. Podemos dizer que boa parte da poeira que encontramos em nossa casa de deve à essas células mortas.
As células da epiderme levam mais ou menos 1 mês para se renovarem. Por isso cortes e arranhões superficiais se curam rapidamente e quase nunca deixam cicatrizes.
Entrando um pouco mais na epiderme, há uma camada de células que se reproduzem rapidamente para poder repor as camadas externas que vamos perdendo ao longo dos dias. Podemos encontrar também algumas células de defesa, que entram em ação caso venha a penetrar algum invasor e também os melanócitos, células que produzem uma substância muito famosa, a melanina.
A melanina é um pigmento marrom escuro que tem a função de absorver os raios ultravioletas (UV) vindos do sol. Os melanócitos são células com grandes prolongamentos, assim como um polvo, que vão distribuindo a melanina que produzem para as outras células da epiderme.

Esquema de um melanócito e da distribuição da melanina para a camada mais superficial da pele
O que difere uma pessoa de cor escura de uma pessoa de cor clara é somente a quantidade de melanina que é produzida. Nada mais.
Esquema que mostra a única diferença entre as pessoas de pele clara e de pele escura: a quantidade de melanina depositada nas células da pele.
A melanina então funciona como um escudo para proteger o núcleo da célula (onde fica o DNA, nossa carga genética) dos raios UV.
O câncer de pele, por exemplo, se inicia quando há alguma alteração nessa carga genética da célula, fazendo com que ela se multiplique de forma errada, causando o tumor. Os raios ultravioletas do sol têm capacidade de provocar essas alterações, por isso é tão importante se proteger deles.

A derme, por onde trocamos calor e sentimos os estímulos externos:
A derme é a camada mais interna da pele, formada por fibras e por grande quantidade de vasos sangüíneos e terminações nervosas.

Esquema que ilustra a diminuição de fibras
elásticas com o passar da idade, causando rugas
As fibras, juntamente com a água e outros elementos, dão sustentação à epiderme

 As duas principais fibras dessa camada são o colágeno e a elastina. Juntas, elas ajudam a pele a estirar (quando dobramos o cotovelo, por exemplo) e a se reposicionar. O colágeno é mais forte e mais difícil de ser estirado, responsável pela firmeza da pele. Já a elastina é elástica, como o nome diz.
Com o passar da idade - ou em fumantes - a elastina vai se deteriorando, o que diminui a elasticidade da pele e provoca o surgimento de rugas.
Os vasos sanguíneos são as estradas responsáveis por levar os nutrientes às células da pele. Além disso, quando o corpo precisa perder calor, como em caso de febre, esses vasos, que são os mais superficiais do corpo, se dilatam, deixando uma maior quantidade de sangue próxima do meio externo, de forma a transferir o calor para o ambiente. No frio ocorre o inverso: esses vasos se contraem expondo menos sangue à superfície e, portanto, guardando mais calor.
As terminações nervosas são ligações diretas com os nervos que levam ao cérebro os estímulos de dor, assim como percepções de tato. Através dessas terminações conseguimos saber quando alguém ou algo nos toca, nos machuca, se uma superfície é lisa ou áspera, se faz frio ou calor.

Abaixo da pele, a hipoderme
A hipoderme é uma camada que fica abaixo da derme. Ela não é oficialmente considerada parte da pele, mas merece ser falada.
Essa camada liga a pele às demais estruturas do nosso organismo, logo abaixo dela. É formada basicamente de gordura e, por isso, tem espessura variada, maior se a pessoa for gordinha e menor se magrinha.
Essa gordura abaixo da pele funciona como um amortecedor contra pancadas. Além disso, ela ajuda a manter a temperatura do corpo e claro, por ser gordura, funciona como um reservatório extra de energia, para épocas de crise.

A importância dos anexos
São consideradas estruturas da pele: pelos (e cabelos), unhas, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.
Os pelos são estruturas que herdamos de nossos antepassados e que, no homem moderno, se localizam em regiões mais delicadas, para protegê-las.
Os pequenos pelos do nosso corpo são ligados a um pequenino músculo que, no frio, torna o pelo ereto, dando a aperência de "pele de galinha". Isso faz com que se acumulem bolhas de ar junto à pele, o que retarda as trocas de calor.
Ao lado de cada pelo, existe uma glândula sebácea, que produz o sebo, uma gordura com a função de lubrificar a pele, torná-la impermeável à água, além de diminuir o acúmulo de muitos microorganismos.
As glândulas sudoríparas produzem o suor, constituído basicamente de água e sais e tem a função de controlar a temperatura. Quando está muito quente, o suor é eliminado para a superfície da pele pois, quando essas pequenas gotas de suor são evaporadas no meio ambiente, elas levam com elas um pouco do calor do nosso corpo, nos refrescando.

Nosso suor não tem cheiro. O que dá aquele característico cheiro de "CC", ou "Cheiro de Corpo" é, na verdade, quando o suor carregado de algumas substâncias de regiôes específicas do corpo, como axilas, é metabolizado por bactérias que ficam na superfície da pele. O resultado desse metabolismo é que tem odor desagradável. Por isso não precisamos passar desodorante no corpo inteiro.
As unhas são formadas basicamente de queratina (aquela substância resistente e impermeável) e têm como função proteger as extremidades do corpo que têm mais propensão a serem traumatizadas.

Deu pra entender a importância da pele?
Então veja dicas importantes para cuidar bem dela.

Em primeiro lugar, ela deve sempre estar bem hidratada. E para isso não bastam os cremes hidratantes. Como vimos que ela é feita de várias camadas de células, ela precisa receber água "de dentro", ou seja, precisamos tomar muito líquido.
Se em épocas de calor transpiramos mais para controlar a nossa temperatura, isso significa que perdemos mais água e que precisamos nos hidratar ainda mais. Lembrando que o nosso suor é composto de água e sais, o que faz com que as bebidas isotônicas e água de coco sejam mais bem vindas nessas épocas.

Como o sebo - por incrível que pareça - é uma proteção importante, devemos tratá-lo com cuidado. Para isso basta lembrar que os extremos nunca são bons. Isso quer dizer que não podemos removê-lo totalmente pois ficaremos com uma pele quebradiça, sujeita a rachaduras e entrada de microorganismos indesejáveis em nosso corpo. Em contrapartida, se deixarmos que se acumule, ele pode propiciar o acúmulo de germes na superfície da pele, o que será igualmente nocivo.

Mantendo-a hidratada por dentro e por fora, é preciso protegê-la do SOL!
Dois tipos de raios UV chegam à superfície do planeta e atingem a nossa pele desprotegida: os raios UVA e UVB. Os primeiros provocam a pigmentação (depósito de melanina) na pele, podendo causar manchas. O segundo provoca queimaduras, provocando vermelhidão.


A queimadura, por mais leve que possa parecer, é uma lesão às células da pele, fazendo com que elas fiquem inflamadas, se rompam com facilidade, alterando a função de barreira protetora. Assim, é facilitada a entrada de microorganismos indesejáveis além de facilitar também a perda de líquidos do nosso corpo, podendo levar à desidratação e, em casos mais graves, a choque hipovolêmico.

Para prevenir o câncer de pele, devemos fazer o possível para que esses raios UV não alterem o núcleo das nossas pequenas células. Considerando que os raios estão cada vez mais agressivos, não podemos contar somente com a nossa melanina não. Precisamos usar e abusar do "kit sol".

O efeito do sol é cumulativo, ou seja, vamos ver lá longe os efeitos do sol que tomamos desde criança. E isso não tem volta.

Não basta lembrarmos de cuidar da pele somente no verão!!
Precisamos nos proteger todos os dias, desde sempre, mesmo quando não vamos à praia ou à piscina.

Crie o hábito de passar filtro solar nas áreas não cobertas pela roupa (rosto, pescoço, colo, braços) todos os dias!


Acorde, escove os dentes, lave o rosto e passe o filtro solar. Repita após o almoço.
Isso também vale para os homens, que costumam fingir que não estão ouvindo, viu?!!

Campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia contra o câncer de pele.



Para ver tudo o que foi dito aqui em imagens incríveis, assista o vídeo sugerido abaixo, em 3 partes:




Um comentário:

  1. Muita boa a explicação, de forma clara, objetiva e descontraída. Parabéns pelo trabalho!

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