segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Importância da amamentação

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O leite materno é a mais importante fonte de nutrientes para o bebê. Mas é importante que se saiba que ele traz muito mais benefícios do que se imagina – e não somente para o bebê, mas também para a mãe, para a relação entre ambos e até mesmo para as contas da família.

O leite materno é de graça. Sua produção é estimulada já durante a gravidez através de reações hormonais que acontecem na mãe. A partir dos primeiros 3 dias após o parto, sua produção é estimulada pela sucção do bebê e esvaziamento da mama.

É recomendado que, sempre que possível, o bebê seja mantido em aleitamento exclusivo até os 6 meses de idade. Aleitamento exclusivo significa mamar somente no peito, em livre demanda. Nesses casos não é preciso acrescentar à dieta do bebê alimentos extras como chás, sucos, papas ou até mesmo água. Isso porque o leite materno contém água e todas as substâncias necessárias para seu bom desenvolvimento nessa fase. Se introduzimos outros alimentos ou bebidas (mesmo água) antes dos 6 meses, a absorção do leite da mãe não será mais a mesma e o bebê pode até mesmo sofrer carência de líquido ou algum nutriente. Um bebê em aleitamento exclusivo mama, em geral, de 8 a 12 vezes por dia.

Não existe leite fraco. Muitas mulheres se assustam com o primeiro leite que sai do peito, pois ele parece mais uma água esbranquiçada do que propriamente leite. Mas isso é normal. É preciso que se entenda que o leite materno tem 3 fases e cada uma delas é importantíssima para o bebê.

Nos primeiros dias o leite materno é chamado de colostro, que aparenta ser „mais ralo“ que o leite que conhecemos. Na verdade ele tem essa aparência porque contém menos gordura e mais proteínas, um balanço necessário para o recém nascido. Dentre essas proteínas há muitos anticorpos, que vão ajudar a formar o sistema de defesa do bebê, para que ele enfrente o mundo. É quase uma vacina natural (mas que não isenta o bebê de ser vacinado conforme o plano nacional!).

A segunda fase contém um leite de transição, em que gradualmente vai sendo diminuída a quantidade de proteína e aumentando a de gordura. O leite vai ficando com aparência mais encorpada. O leite maduro aparece mais ou menos após o 25o dia.

Além disso, durante a mamada o leite passa também por fases, com aspecto e composição diferentes: no início da mamada é sempre mais aguado e ajuda a saciar a sede do bebê; ao final da mamada, quando a mama vai se esvaziando, o leite é mais encorpado, contém mais gordura, calorias e nutrientes. Esse leite do esvaziamento da mama ajuda a saciar o bebê.

Dessa forma, é importante que em cada mamada a mama seja esvaziada. Somente assim o bebê se beneficiará por completo do aleitamento materno. O esvaziamento da mama ainda estimula a reposição de novo leite, para uma próxima mamada. Se, por qualquer motivo a mama não for esvaziada, o bebê recebe menos calorias, sente fome em intervalos mais curtos e ainda a produção de novo leite não é estimulada. Isso acontece com muitas mães que acabam achando que tem pouco leite e acabam por introduzir complementos antes do tempo necessário.

Para que o bebê mame bem, ele deve abocanhar não somente o mamilo, mas também parte da aréola da mãe. A boa pega permite adequada sucção do leite, estimula os reflexos de deglutição do bebê e estimular nova produção de leite.

Após os 6 meses novos alimentos são incluídos na dieta do bebê conforme orientação do pediatra. Ainda assim, é indicado que se mantenha o aleitamento materno complementar até os 2 anos de vida sempre que possível.

Amamentar contribui para a recuperação do útero da mãe além de ajudá-la aperder peso no pós parto. Também estimula o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.


Este texto foi inicialmente publicado em minha coluna mensal no Indike.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dicas para uma boa saúde dos olhos

Os olhos nos conectam visualmente ao mundo exterior. Com eles conseguimos ver o mundo. Se não forem bem cuidados, essa conexão pode falhar e nossa percepção do mundo externo nunca mais será a mesma.

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Cuidar bem dos olhos implica em fazer uma visita ao oftalmologista (médico especialista em saúde dos olhos) anualmente, ou no máximo a cada dois anos, quando tudo estiver bem. Portanto, é um engano achar que só se deve procurar esse médico quando surgir algum problema no olho. A consulta rotineira – ou de check up – com o oftalmologista pode ajudar a prevenir doenças, além de poder diagnosticá-las ainda no início, quando o tratamento ainda é mais fácil e a chance de sequelas, menor.

Doenças como hipertensão arterial e diabetes podem provocar danos à visão inicialmente silenciosos, ou seja, sem sintomas. Pessoas com qualquer uma dessas doenças devem manter acompanhamento oftalmológico regular.

Mas podemos fazer muito mais do que isso para manter boa saúde dos olhos. Pequenos hábitos podem nos ajudar mais do que imaginamos.

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Os óculos de sol não servem somente pra nos deixar mais estilosos. Eles protegem os olhos dos raios ultravioletas (UV), que lesam diversas partes do olho. As alterações podem se manifestar somente com o passar do tempo, quando for tarde demais. Engana-se quem acha que eles devem ser usados somente no verão, pois a radiação solar no Brasil é intensa durante o ano todo.

Para que os óculos possam proteger os olhos efetivamente, devem conter lentes de qualidade, com filtros UV assegurados. Portanto, comprar óculos no camelô pode ser uma boa opção para diversificar o estilo e poupar o bolso, mas é nocivo aos olhos. Esses óculos não costumam ter lentes com filtros UV (às vezes dizem que sim, mas não é confiável) e, além de não protegerem, podem agravar a situação, uma vez que a lente escura dilata a pupila, deixando a retina mais exposta à ação dos raios solares.


As lentes de contato também devem ser usadas com muita responsabilidade, sejam elas com grau ou apenas para dar um colorido extra no olhar. Elas devem sempre estar dentro do prazo de validade e nunca devem ser usadas mais tempo do que o recomendado. Devem ser diariamente limpas e acondicionadas imersas em produtos específicos para isso. Também não é bom que se durma com elas. Se essas recomendações não forem seguidas à risca, as lentes podem prejudicar muito a córnea, além de poder trazer contaminações e infecções ao olho.

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Os colírios precisam ser respeitados. Colírio é remédio e não pode ser administrado sem a recomendação de um especialista no assunto. Seu consumo indiscriminado pode causar mais problemas do que resolvê-los.


Quem usa maquiagem deve ficar atento ao prazo de validade dos produtos. Rímel e lápis podem contaminar-se facilmente e não devem ser usados por muitos meses seguidos. Podem gerar alergias, irritações ou infecções. A pintura nos olhos não deve ultrapassar o limite dos cílios, ou seja, podemos pintar nossas pálpebras com cuidado em sua parte externa, mas aquela parte úmida que fica em contato direto com os olhos deve manter-se limpa.

É preciso lembrar que os olhos precisam manter-se úmidos a todo momento. Por isso piscamos. Quando ficamos muito tempo em frente à um computador, por exemplo, tendemos a piscar menos. Se for em um ambiente com ar condicionado, que resseca o ar, pior ainda. Se você se vê nessa situação, mantenha a tela do computador um pouco abaixo da linha dos olhos (isso retém melhor a umidade do olho) e lembre-se de dar umas piscadas de vez em quando. Além disso, a manutenção do foco numa tela (de computador ou de TV) por muito tempo pode cansar os músculos oculares e gerar até dor de cabeça. Lembre-se de, vez ou outra, focar objetos mais ao longe, para exercitar os olhos.

Para evitar acidentes nos olhos durante o trabalho, serviços manuais ou até mesmo no esporte, óculos de proteção devem ser usados.

Dormir bem, ter alimentação saudável e não fumar também ajudam a manter os olhos saudáveis, além do restante do corpo.


* Esse texto é de minha autoria e foi inicialmente publicado pelo Indike, onde mantenho uma coluna mensal.

Como manter uma boa digestão

Uma boa saúde digestiva é importante pois é o processo de digestão que faz com que tudo o que ingerimos seja transformado em energia e estrutura para nossas células continuarem trabalhando e nos mantendo em atividade.

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O sistema digestório é o conjunto de órgãos que atuam para o processamento e absorção dos alimentos. Ele pode ser visto como um grande tubo que atravessa nosso corpo, começando na boca, passando pelo esôfago, estômago, intestinos e terminando no ânus. Junto à ele existem órgãos ou glândulas anexas que produzem substâncias químicas fundamentais para a digestão, como as glândulas salivares, fígado e pâncreas.

Quando ingerimos um alimento, ele começa sua jornada por este longo tubo digestivo e é submetido a diversas etapas. Em cada local que passa, vai sendo “quebrado” em partes cada vez menores, reagindo com enzimas e substâncias químicas e cada porção nutritiva extraída dele é absorvida em algum local especializado, normalmente nos intestinos.

Se o processamento e consequentemente a absorção forem ruins, alguns sinais e sintomas podem aparecer, como por exemplo queda de cabelo, unhas fracas, empachamento, queimação, constipação intestinal, anemia, refluxo, obesidade.

Por isso, ao nos alimentarmos, é importante que atentemos a todas essas fases da digestão de forma que possamos colaborar com elas para que tenhamos um melhor aproveitamento dos alimentos.
Em primeiro lugar, devemos escolher bem o que comemos. Se a qualidade dos alimentos não for boa, obviamente nosso sistema digestório não terá como extrair deles os melhores nutrientes. Uma alimentação natural, composta por alimentos frescos e variados é fundamental para recebermos melhor aporte de nutrientes.

Quando nos alimentamos não podemos ter pressa. Devemos mastigar muito para auxiliar a quebra dos alimentos e facilitar a vida do nosso estômago e intestino. Se não mastigamos direito, engolimos partes maiores dos alimentos e deixamos todo o serviço para o estômago. Isso faz com que o alimento tenha que ficar mais tempo em processo, deixando a digestão lenta, aquela sensação de empachamento, favorecendo a fermentação, acúmulo de gases e refluxo. Não é bom negócio.

O alimento mau digerido produz mais acidez, o que favorece o aparecimento de doenças como gastrite e úlcera e sintomas de queimação e azia.

Também é melhor não ingerirmos líquidos durante as refeições, pois eles distendem o estômago e podem diluir as substâncias químicas que ajudam a digestão, dificultando-a. O melhor é deixarmos para tomar água ou sucos meia hora antes ou depois de comer.

Bebidas alcoólicas não são digestivas. Pelo contrário, são muito prejudiciais ao sistema digestório. Elas modificam a acidez do estômago e deixam a digestão mais lenta. Isso favorece refluxo gastro-esfofágico e irritação da parede do estômago e esôfago. Além disso, o álcool é integralmente metabolizado pelo fígado, glândula anexa da digestão, que passa a ficar ocupada com ele e pode prejudicar o metabolismo de outros nutrientes mais importantes. No fígado o álcool é transformado em gás carbônico, gordura e água, uma mistura não muito nutritiva.

Também devemos evitar o falatório enquanto comemos. Quanto mais falamos, mais ar engolimos, distendendo o estômago.

Fracionar as refeições – comendo menos, mais vezes ao dia – pode ajudar nosso processo digestivo a trabalhar sem estresse.

Nunca deite logo após comer algo. A lei da gravidade ajuda os alimentos a caminharem tubo digestivo abaixo. Se deitamos após uma refeição, esse alimento pode tender a refluir, gerando azia e queimação no esôfago, podendo levar à doença do refluxo e esofagite. Espere pelo menos 2 horas para deitar-se.

Quando o intestino dá sinais de querer funcionar, não devemos deixá-lo esperar. Isso evita o endurecimento das fezes e a constipação.

Em resumo, uma boa saúde digestiva não depende de milagres, mas sim de bons hábitos. E estes cabem somente à nós. Então, escolha bem seus alimentos, faça das refeições um momento sagrado, coma com calma, mastigue bem, tome bastante líquido durante o dia, atenda ao seu intestino. Observe seu corpo. Ele pode dar sinais acerca de alimentos ou hábitos que não estão te favorecendo.


*Esse texto é de minha autoria e foi publicado inicialmente pelo Indike, onde tenho uma coluna mensal.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Entenda a infecção hospitalar

É frequente que pessoas que não trabalham na área da saúde, ao ouvirem o tema infecção hospitalar, pensem logo em erro de profissionais, processos judiciais contra os hospitais e coisas do tipo. Acho importante que esse tema seja discutido para conscientizar as pessoas de seu real significado, suas causas, sua importância e, principalmente, como evitá-la.

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Uma infecção acontece quando nosso corpo é invadido por algum microorganismo estranho, como uma bactéria, um vírus, um fungo. Esse agente estranho ao nosso organismo poderá causar alguns estragos dependendo de onde ele preferir se acomodar e proliferar, como inflamações e alteração da função normal de alguns órgãos. Com frequência nosso sistema imunológico (de defesa) tem capacidade de lutar contra esses invasores e expulsá-los, mas às vezes precisamos da ajuda de fora, como por exemplo, medicamentos que sejam capazes de matá-los (os antibióticos).

Infecção hospitalar, por sua vez, é definida como uma infecção que foi adquirida após a admissão do paciente no hospital e pode manifestar-se tanto durante a internação como após a alta, sendo sempre relacionada com procedimentos de assistência à saúde.

Os microorganismos podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelas mãos, por gotículas de saliva que ficam esparsas no ar ou pela contaminação de materiais como sondas, cateteres, maçanetas, corrimões etc.

Então imagine: num ambiente hospitalar há alta concentração de indivíduos doentes, muitos portando infecções causadas pelos mais diversos microorganismos. Esses indivíduos estão em constante contato com outras pessoas: médicos os examinam, enfermeiros administram medicamentos, trocam sondas e ainda visitantes os cumprimentam, abraçam e beijam. Às vezes, quando podem dar uma voltinha pelos corredores, eventualmente cobrem um espirro repentino com a mesma mão que abrem uma porta ou seguram o corrimão da escada. Nesse mesmo hospital há inúmeros pacientes internados que apresentam seu sistema imunológico não funcionando a todo vapor, como idosos, crianças, pessoas diabéticas, com câncer, transplantados ou mesmo pessoas que estão tomando antibióticos por período suficiente para que esse medicamento destruísse a flora de microorganismos normal do corpo, deixando mais espaço para invasores.

Se conseguiu visualizar essa cena, não fica difícil entender o motivo das infecções hospitalares acontecerem. Note que essa cena não descreve um hospital sujo, com profissionais irresponsáveis ou pacientes com doenças esquisitas. Trata-se de um hospital comum.

Normalmente os médicos e enfermeiros são „imunes“ à essas infecções porque eles não estão ali com a saúde debilitada e seu sistema imunológico funciona bem. O mesmo ocorre com os visitantes. Mas não é o que acontece com os doentes internados, que são pessoas mais suscetíveis à infecções.

Também vale ressaltar que normalmente os microorganismos que „circulam“ pelos hospitais tendem a ser agentes mais resistentes ao tratamento, uma vez que são sobreviventes de tratamentos anteriores com um ou mais antibióticos.

Dessa forma, a melhor maneira de se prevenir a infecção hospitalar é evitando que um microorganismo saia de um indivíduo e atinja outro doente. Isso é conseguido com a esterilização de materiais cirúrgicos, sondas, catéteres e, mais simples, mas não menos importante: com a lavagem adequada e frequente das mãos.

Assim, qualquer pessoa, seja profissional de saúde ou visitante, que entrar em contato com alguém doente deve lavar bem as mãos com água e sabão antes e depois desse contato. O uso de álcool gel também é eficaz nesses casos.

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Pessoas que estiverem gripadas, resfriadas, com diarréia, infecções de pele ou mesmo crianças com doenças comuns da infância devem evitar visitar parentes ou amigos nos hospitais. Lembre-se que as pessoas que ali estão poderão reagir mal ao microorganismo que estamos carregando. Também não se recomenda que recém nascidos sejam muito manipulados ou beijados durante as visitas, mesmo por pessoas aparentemente saudáveis, pois o sistema de defesa deles ainda não está bem formado.



Este texto foi escrito por mim e publicado inicialmente no Indike.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Como o câncer funciona


Dia 08 de abril foi o dia mundial de combate ao câncer. Ao meu ver, a melhor forma de combatê-lo é com informação. Apesar de o câncer ser uma doença temida por todos, poucos sabem o que realmente ela significa, como ela prejudica o doente, quais são seus variados tipos e o que podemos fazer para preveni-los.

Câncer não é contagioso. A palavra câncer representa um grupo de mais de 100 doenças que podem acometer diferentes partes do nosso corpo. O que elas têm em comum para ganharem o nome de câncer é o crescimento desordenado de células malignas. Explico melhor: todos nós somos formados por um conjunto de células que se reúnem em grupos especializados nas mais diferentes funções, como por exemplo: formar a pele, o aparelho respiratório, o cérebro, o sangue etc. Essas células têm um ciclo de vida, ou seja, nascem e morrem e estão em constante renovação. Num organismo saudável há um equilíbrio entre a morte de células velhas e a formação de novas para a manutenção dos tecidos. No entanto, quando algo dá errado nesse balanço em um determinado local do corpo, ocorre o aumento do número de células neste tecido, formando um tumor.

Esquema ilustrando a divisão das celulas gerando uma celula defeituosa, cancerosa. Esta, por sua vez, gera outras celulas defeituosas e forma o tumor cancerígeno


Quando essas células mantêm a mesma especialização das células do tecido e multiplicam-se de forma lenta e regular formam os tumores benignos e não são necessariamente letais. Mas quando essas células apresentam defeitos no material genético e não conseguem especializar-se, tornam-se células estranhas ao organismo e apresentam comportamento totalmente desordenado. Elas se multiplicam mais rapidamente e de forma desordenada, comprimindo e, consequentemente prejudicando os tecidos à sua volta. São os tumores malignos ou cânceres. Notem que tumor não é sinônimo de câncer, pois há tumores benignos e não cancerosos.

Se as células malignas se originam nos pulmões, temos o câncer de pulmão. Se originam na pele, temos o câncer de pele. E assim vai. Alguns tipos de câncer podem ser mais agressivos que outros, seja pelo fato de o tumor crescer mais rapidamente, seja por crescer mais próximo de um órgão ou área vital, ou ainda pela capacidade de desprender algumas das células malignas na corrente sanguínea fazendo com que ela atinja qualquer outro lugar do corpo, criando novos tumores malignos em outros lugares, chamados de metástases. Há ainda alguns tipos de cânceres que não geram tumores, apenas prejudicam a função do tecido (como leucemias).

O câncer é grave e pode matar por comprometer a função de órgãos vitais. Imagine uma massa de células crescendo dentro do pulmão: ela certamente irá comprometer a respiração. Essa massa ainda poderá infiltrar-se nos órgãos próximos comprometendo, por exemplo, o coração e vasos sanguíneos importantes. Se esse tumor enviar metástases para o cérebro, por exemplo, irá comprometer funções neurológicas. Por ter um comportamento de certa forma imprevisível, cada caso de câncer se comportará de um jeito.

Há diversos fatores que contribuem para o surgimento de células anormais. Existem pré-disposições genéticas ligadas à capacidade do organismo de defender-se e regenerar-se, mas também existem inúmeros fatores oriundos do meio ambiente e de nossos hábitos de vida que prejudicam as células podendo propiciar o aparecimento do câncer. São esses fatores que precisamos conhecer para que façamos boa prevenção:

  • Fumar predispõe diversos tipos de câncer, dentre eles o câncer de pulmão. Pare de fumar!
  • Bebidas alcoólicas também predispõem o aparecimento de cânceres de boca, esôfago e fígado. Se beber, limite-se apenas a 1 dose (se mulher) ou 2 doses (se homem) por dia.
  • Alimentos embutidos e processados (como salsichas) são ricos em substâncias que favorecem o aparecimento de câncer de estômago. Além disso, alimentos gordurosos parecem propiciar as células cancerosas. O melhor a fazer é manter uma alimentação saudável e equilibrada, com alimentos frescos e variados.
  • A exposição ao sol propicia o aparecimento de câncer de pele. É importante saber que o efeito do sol é cumulativo, ou seja, não adianta abusar do bronzeamento na juventude e passar a cuidar-se com idade mais avançada. O câncer de pele é resultado do sol que tomamos desde a infância. Evite exposição prolongada ao sol e use sempre proteção como chapéu e protetor solar.
  • Mulheres em idade sexual devem realizar o exame de Papanicolau periodicamente. Ele serve para prevenir o câncer de colo de útero. A infecção pelo vírus HPV, sexualmente transmissível, é um fator de risco para esse câncer. As mulheres acima de 40 anos também devem realizar o exame clínico das mamas anualmente para a detecção precoce do câncer de mama.
  • Homens acima dos 50 anos devem procurar o urologista para avaliação da próstata.
  • Não esquecer de fazer a higiene oral diariamente e consultar também o dentista regularmente.
Este texto foi mais uma das minhas colunas publicadas no Indike.

Se quiser tirar mais duvidas, deixe um comentario abaixo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Esclarecimentos sobre câncer de mama e mamografia


Mamografia é um exame que utiliza raios X para detectar algumas anormalidades das mamas. Dessas anormalidades, a mais importante detectada por este exame é o câncer de mama. A mamografia consegue detectar esse tipo de câncer ainda em estágios muito iniciais, quando o tumor ainda está menor que 2 cm de diâmetro. A detecção precoce proporcionada pela mamografia é fundamental para que a descoberta dessa terrível doença tenha um final feliz. Isso porque 90% (quase todos!) dos tumores descobertos em fase inicial conseguem ser tratados e curados.

Imagem de mamografia evidenciando lesão sugestiva de câncer de mama. Fonte: wikicommons


Apesar disso, em nosso país ainda o câncer de mama é muito frequente e nem sempre tem final feliz. Não porque os exames feitos aqui não são de qualidade, ou porque o tratamento não é de ponta. Nada disso. Tudo indica que esses índices aparecem no Brasil porque muitas mulheres que deveriam fazer esse exame como precaução ou rastreamento acabam não fazendo. Como consequência, muitos dos cânceres de mama diagnosticados no país já encontram-se em estágio avançado, o que dificulta ou até impossibilita a cura. Por isso acho importante esclarecer alguns pontos que podem ser vistos como obstáculos entre essas mulheres e a mamografia.

A mamografia é um exame desconfortável, no entanto, esse desconforto é plenamente suportável e é preciso apenas poucos segundos para que as imagens necessárias sejam feitas.

Um estudo mostrou que algumas mulheres escolhem não fazer o exame por medo de descobrir o câncer. Bem, que elas estejam lendo essa coluna e possam entender que o fato de não saber que o câncer existe não o fará desaparecer. E pior, se ele não for detectado o quanto antes, ele tenderá a aumentar de tamanho e, quando se manifestar, poderá ser tarde para a cura. É preciso ficar claro que nesse caso o exame não é um exagero e, se feito com regularidade, mesmo que um câncer apareça, ele terá chances altíssimas de ser curado com o tratamento. Essa mulher poderá ter vida normal.

O exame de ultrassonografia das mamas não substitui a mamografia. Em alguns casos ele pode ser solicitado pelo médico como exame complementar, para auxiliar o diagnóstico.

No caso de mulheres que têm próteses de silicone nas mamas, não há o que temer. O exame não danifica a prótese. Além disso, é falso o mito que diz que as próteses aumentam o risco para câncer de mama. O que pode acontecer é elas dificultarem a visualização de algumas áreas da mama pelo exame mamográfico. Nesses casos, pode ser que sejam necessárias imagens extras. Alguns médicos podem até solicitar outros exames complementares, como a ressonância magnética, mas isso é avaliado caso a caso e não é uma regra.

E quem deve fazer o exame e quando?

Bem, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia seja realizada anualmente para as mulheres entre 40 e 69 anos. Não há ainda, entre os médicos, consenso sobre a obrigatoriedade anual desse exame para as mulheres entre 40 e 49 anos. Alguns defendem que nessa faixa etária a solicitação deverá ser a critério médico.

O fato é: a partir dos 40 anos a mulher deve estar atenta para a possibilidade de aparecimento dessa doença e deve frequentar o consultório do ginecologista ou mastologista anualmente e seguir suas recomendações após o exame clínico das mamas.

As mulheres que têm história na família de câncer de mama devem preocupar-se mais precocemente, avisando seu ginecologista ou mastologista sobre sua história familiar para que eles possam solicitar os exames de prevenção e rastreamento precoce.

No dia do exame mamográfico a mulher não deve usar desodorante, talco ou qualquer cosmético na região das mamas e axilas. Alguns cosméticos contém componentes metálicos que podem aparecer no exame como microcalcificações, o que pode deixar o exame confuso.

É sempre bom guardar todos os exames dos últimos anos para que o médico possa comparar os resultados, mesmo que todos estejam normais.

Homens, apesar de bem menos frequente, também podem ter câncer de mama. Mas no caso deles a mamografia é solicitada somente na suspeita médica e não de rotina. Para os homens, uma dica importante é o exame anual para detectar câncer de próstata.

Este texto foi mais uma das minhas publicações no Dicas do Indike.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hanseníase ainda existe, mas tem tratamento e cura.

Muito já ouvimos falar sobre a lepra. Especialmente sobre o estigma dos leprosos em nossa história antiga, em como essas pessoas eram terrivelmente afastadas da sociedade por ignorância da época. Mas sei que muita gente imagina que já nos livramos dessa doença, que não devemos mais nos preocupar com ela. Engano. Saibam que hoje em dia o Brasil é campeão mundial em prevalência dessa doença e, por isso, precisamos nos informar um pouco sobre ela.

Hoje ela se chama hanseníase. Lepra, que significa manchas na pele, era um nome dado antigamente à algumas doenças de pele e, por conta dos avanços da ciência e descoberta das diferentes causas, o nome caiu em desuso.

A hanseníase é uma doença causada por uma bactéria que gosta das áreas mais frias do corpo. Por isso, ela atinge principalmente a pele e nervos de regiões mais periféricas do corpo como mãos, pés, olhos, orelhas, nariz, braços e pernas. Mas pode eventualmente afetar outros órgãos.

É uma doença contagiosa, ou seja, passa de pessoa para pessoa. A transmissão acontece de uma pessoa contaminada para outra através do ar, de gotículas de saliva, parecido com a gripe. Mas essa bactéria não é tão poderosa e o contágio não é tão fácil. Para uma pessoa ser contaminada é preciso haver um contato mais íntimo (tipo morar na mesma casa) e prolongado, piorando se houver pouca ventilação. Ainda assim, nem todas as pessoas que se contaminam desenvolvem a doença, pois, uma vez que a bactéria entra no corpo, ela trava uma batalha com o sistema imunológico. Se nossas defesas ganham, não ficamos doentes. Se a bactéria ganha, adoecemos.

Esse período entre o contágio e os sintomas pode durar de meses até cinco anos. É uma longa batalha. As pessoas mais suscetíveis à desenvolver a doença são, obviamente, as pessoas com menor resistência imunológica. Por conta disso a hanseníase é mais comum em pessoas de classe social mais baixa, por conta de más condições nutricionais e sociais. Mas é importante deixar claro que essa doença pode acometer qualquer pessoa independente de classe social, desde que a pessoa seja suscetível à bactéria.

E como suspeitar da hanseníase? Normalmente os primeiros sintomas são manchas de cor parda, esbranquiçadas ou avermelhadas, às vezes pouco visíveis. Podem parecer micose de praia, mas, como a hanseníase compromete os nervos, no local dessas manchas pode haver a sensação de formigamento, podem ficar dormentes, sem sensibilidade à dor, ao calor, ao frio e ao toque. Não há coceira, mas alteração da sensibilidade. Por isso muitos pensam que a antiga lepra faz com que as extremidades se deformem ou “caiam”. O que acontece na verdade é: como as lesões diminuem a sensibilidade, a pessoa pode se machucar sem perceber e, por isso, sofrer ferimentos graves.

Também no local das manchas pode-se perder os pelos e diminuir a transpiração, tudo por causa da alteração nervosa. Em formas mais graves da doença pode haver deformidade dos membros por retração muscular ou formação de nódulos sob a pele.

A boa notícia é que a hanseníase tem tratamento e cura. Se suspeitar de alguma lesão de pele com alteração ao toque, procure um médico. Pode ser um clínico ou dermatologista. O diagnóstico não é difícil e o tratamento é feito com antibióticos e pode durar de seis meses à um ano. O SUS oferece diagnóstico e tratamento gratuito para todos.

Logo após o início do tratamento a pessoa já deixa de transmitir a doença. Ela não precisa ser internada pois o tratamento é ambulatorial. Ela pode manter vida normal, não precisa afastar-se do trabalho nem do convívio familiar. Pode continuar mantendo relações sexuais com seu parceiro. A gravidez e o aleitamento não impedem o tratamento, que é seguro para mãe e bebê.

Toda pessoa que tem contato próximo com doente de hanseníase deve também ser examinada por um médico e pode ser orientada a receber a vacina BCG para aumentar a sua proteção contra a doença.

Esse foi mais um texto da minha coluna do Indike.
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